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Depressão

Ricardo Araújo

Nos tempos modernos as pessoas estão a viver cada vez mais anos, o que tem implicado um aumento da prevalência da patologia na área da saúde mental, com consequente incapacidade e sobrecarga para a Sociedade. A depressão é classificada pela Organização Mundial de Saúde como o maior contribuinte da incapacidade para a atividade produtiva, registando, em 2015, 7,5% de todos os anos vividos.

A mortalidade relacionada com a saúde mental é baixa e está relacionada quase exclusivamente com o suicídio (3,1% em 2015). A depressão também é a entidade que mais contribui para as mortes por suicídio, que chegam a quase 800 mil por ano mundialmente.

A depressão pode afetar qualquer um.

A depressão é uma doença caracterizada por tristeza persistente e perda de interesse em actividades que as pessoas normalmente desfrutam, acompanhada por uma incapacidade de realizar actividades diárias, durante pelo menos duas semanas.

Além disso, as pessoas com depressão normalmente apresentam vários dos seguintes sintomas: perda de energia; alteração do apetite; dormir mais ou menos que o habitual; ansiedade; concentração reduzida; indecisão; inquietação; sentimentos de inutilidade, culpa ou desesperança; pensamentos autoagressivos ou de suicídio.

Embora a depressão possa afetar pessoas de todas as idades e de todas os extractos sociais, o risco de se tornar deprimida aumenta com a pobreza, desemprego, acontecimentos de vida (como a morte de um ente querido ou uma rutura de relacionamento), doenças físicas e problemas causadas pelo uso de álcool e drogas.

A depressão pode ser duradoura ou recorrente, prejudicando substancialmente a capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho ou na escola ou lidar com a vida diária. Na sua forma mais grave, a depressão pode levar ao suicídio.

A depressão, em termos mundiais, é mais prevalente no feminino (5,1%) do que no masculino (3,6%), variando igualmente com a idade, atingindo o pico na idade adulta mais avançada (acima de 7,5% entre as mulheres com 55-74 anos e acima de 5,5% entre os homens). A depressão também ocorre em crianças e adolescentes com idade inferior a 15 anos, mas num nível mais baixo do que nos grupos etários mais velhos e com formas diferentes de apresentação (alterações do comportamento, do sono ou do apetite; dificuldade de concentração).

O efeito tranquilizante e também desinibidor do etanol (a substância ativa comum às bebidas alcoólicas), pode levar muitas pessoas a procura-las em momentos de crise e de maior tensão emocional, sem se aperceberem que, para além de muitas lesões orgânicas de instalação em regra lenta e da capacidade de induzirem tolerância e dependência, o seu consumo regular e de risco induz depressão (efeito depressivogénico).

A depressão é uma patologia tratável, tendo como primeira linha a psicoterapia por um Psicólogo, podendo-se associar terapêutica farmacológica. Como em qualquer outra patologia clínica, o primeiro recurso deverá ser aos Cuidados de Saúde Primários, em particular ao Médico de Família, que fará a primeira abordagem e acompanhamento. Em casos mais graves e se achar justificado a pessoa poderá ser enviada para uma consulta de Psiquiatria.

Alguns conselhos úteis :

  • Fale com alguém que confie sobre os seus sentimentos. A maioria das pessoas sente-se melhor após falar com alguém que se preocupe com ela;

  • Mantenha em contacto com familiares e amigos;

  • Faça exercício físico de forma regular, mesmo que sejam pequenas caminhadas. Retome actividades que lhe davam prazer quando estava bem;

  • Mantenha hábitos alimentares e de sono regulares;

  • Aceite que tenha depressão e ajuste as suas expectativas. Pode não conseguir atingir o que normalmente consegue;

  • Evite ou restrinja o consumo de álcool e drogas ilícitas;

  • Se sente ideação suicida procure ajuda imediatamente.

A depressão é uma patologia que pode passar despercebida e ser muitas vezes desvalorizada com os seus sintomas a serem atribuídos a outras causas como o stress laboral. Se reconhece em si ou em alguém que lhe seja próximo alguns dos sintomas mencionados, fale com o seu Médico de Família.

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